É preciso descobrir como fortalecer a resiliência da Mata Atlântica, onde mora a maior parte da população brasileira
Moradia
de mais de 70% da população brasileira, a Mata Atlântica está fortemente
sujeita às quatro grandes ameaças das mudanças climáticas: aumento da
temperatura, elevação do nível do mar, eventos extremos e alteração no regime
de precipitação (incluindo grandes secas). Por conta disso, a discussão para
este território precisa considerar fortemente as medidas de adaptação a essas
ameaças. A informação é de Karen de Oliveira Cope, diretora de Políticas para
Adaptação à Mudança do Clima, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
As maiores cidades do Brasil, como São Paulo e Rio,
ficam na Mata Atlântica.
(foto: Silvia Marcuzzo)
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Medidas
de mitigação das emissões na Mata Atlântica são importantes, “mas faltam dados
de vulnerabilidade para a região, onde há chances de perda de 30% da
biodiversidade até 2050, conforme o 1º Relatório de Avaliação Nacional do
Painel Brasileiro de Mudança do Clima”, disse a diretora da Secretaria de Mudanças
Climáticas do MMA, durante a Semana da Mata Atlântica, evento que terminou dia
28 de maio, em São Paulo.
“Precisamos
pesquisar e descobrir como fortalecer a resiliência da Mata Atlântica para as
mudanças climáticas”, disse a diretora, que participou da mesa “O potencial na
Mata Atlântica como sumidouro de carbono e a necessidade de adaptação às
mudanças climáticas”. O evento foi uma realização conjunta do MMA, Secretaria
do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e
Rede de ONGs da Mata Atlântica, com apoio da Cooperação Alemã para o
Desenvolvimento Sustentável.
Para
Bernardo Strassburg, diretor executivo do Instituto Internacional pela
Sustentabilidade e coordenador do grupo de trabalho de Economia e Restauração do
Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, o potencial de mitigação na Mata
Atlântica é alto, por conta da biodiversidade e das possibilidades de fixação
de carbono. Além disso, a restauração é uma alternativa de geração de emprego,
renda e que minimiza riscos à população, como a ocorrência de enchentes e
deslizamentos.
Strassburg
ressaltou que a Mata Atlântica possui 15 milhões de hectares aptos para
restauração com pouca possibilidade de geração de conflito com outros usos da
terra. No entanto, é uma atividade econômica de longo prazo, custo alto por
hectare, além da falta de informação para produtores e sociedade e falhas de
mercado. Para resolver essas questões, o especialista mostrou que várias
alternativas têm sido estudadas, como a utilização de espécies exóticas (como o
eucalipto) nos primeiros anos de restauração, que depois seriam retiradas, e a
utilização de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) de carbono e água nos
primeiros anos do processo, até que os retornos relacionados aos produtos
florestais – potencialmente mais rentáveis – comecem a chegar.
“As metas
de restauração para a Mata Atlântica são ambiciosas e demandam níveis altos de
investimento em algo que provém produtos e bens”. Ele avalia que com a
utilização do PSA de carbono na restauração pode ser criado um sistema
sustentável que se retroalimentaria. “É isso que tentamos mostrar dentro do
Pacto”, disse o coordenador do GT.
Reconhecer
e demonstrar o valor da conservação dos ecossistemas e da biodiversidade também
é um caminho importante para garantir recursos para a proteção da Mata
Atlântica. Segundo Susan Edda Seehusen, diretora executiva da Conservation
Strategy Fund (CFS), este tema é conhecido como Economia dos Ecossistemas e da
Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês), que mostra a importância econômica
de se levar em consideração os serviços ambientais nos investimentos públicos e
privados.
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